Não é nada disso que voce está pensando. Mente suja. Escolhi este título para este post porque é o que melhor traduz o que aconteceu. Trata-se de uma discussão em uma mesa de bar entre seis amigos, em que eu era um deles, e eu estava sozinho, digo sozinho na defesa de uma determinada forma de ver o mundo. Por isso cinco contra um. Saí da discussão profundamente amargurado. Cheguei a pensar, em que mundo eles vivem? Pura presunção, pois poderia ser: Em que mundo eu vivo? Qual a realidade em que vivemos? Como vemos o mundo?
Nossa visão do mundo ou da realidade é baseada nas trajetórias sociais individuais e na experiência acumulada. Então vejamos. Os seis amigos na discussão são da mesma idade, mesma origem social, pais de classe média urbana, de nível superior. Estudaram no mesmo colégio particular e todos tem nível superior. Vivem no mesmo bairro. Com uma exceção trabalham no mesmo lugar. Católicos, embora não praticantes. Havia todos os motivos para pensarmos da mesma maneira. Então porque eu sou diferente? Pensei na alternativa restante, a experiência acumulada. Mas o que é experiência acumulada? É o que absorvemos do mundo a nossa volta. O que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos, lemos, etc. É o conhecimento. Isto começa em casa, ao nascer. Mas nossas vidas começaram exatamente iguais. Então não é por aí. É, mas não neste momento. Então, em que momento das nossas vidas a diferença começou? Quando o conhecimento passou a ser obtido individualmente. A partir do momento que você quebra seus vínculos cognitivos com a sua origem social. E isto é muito difícil. Difícil porque existem muitas barreiras a serem vencidas. Primeiro porque é necessário colocar em questão o próprio status patrimonial, e pior, colocar em questão o status da classe social a que pertencemos. Ou seja, a imagem que queremos que os outros, da mesma classe ou da classe superior tenham de nós. Então é mais cômodo e seguro ficar como está. Sem olhar para o lado, sem ler, sem procurar. Afinal, pra quê, se assim está bom? Então esta não é a realidade. Muito pelo contrário, é apenas o mundo que o sujeito quer ver. Os teóricos de filosofia política chamam isto de alienação.
E então qual é esta visão do mundo que os cinco defendem? É a visão individualista do mundo, em que alguns simplesmente por terem nascido dentro das circunstâncias acima, se acham na condição de protagonistas do mundo enquanto os demais ou são coadjuvantes, ou estão atrapalhando.
Não enxergam que se não fosse somente por isso, o nascimento privilegiado, eles próprios ou seriam os coadjuvantes ou estariam atrapalhando. E pior, acham que não têm nada a ver com isto, que o fato de terem estes privilégios não tem nada a ver com os que não têm privilégios. Bom talvez tenha alguma coisa a ver com o divino, o sobrenatural, não sei. Sangue azul?
Defendem a meritocracia, mas somente para os coadjuvantes, porque eles mesmos não a praticam. Acham que os coadjuvantes assim o são porque querem, e que eles mesmos, são privilegiados porque merecem, já que eles próprios não conquistaram.
É a visão daqueles que acham que todos são iguais, mas apenas nas obrigações, mas diferentes nos direitos. Que todos são livres, embora a maioria só sobreviva, porque usufruir do mundo, só para os que têm este direito.
E o que eu defendia, solitário? Defendia um mundo mais solidário, humano, igualitário e justo, em que todos sejam protagonistas. Defendia que enquanto este mundo não chega, que a solução das divergências sociais não deva ser solucionada pela polícia. Que se reconheçam os próprios privilégios como tal, não como direitos. Defendia que não se deve tratar desiguais como iguais. Defendia que pessoas que vivem para trabalhar e sobreviver somente, ainda são escravos.
Pois é, paradoxalmente fiquei sozinho. E isto aconteceu no dia 13 de maio.
domingo, 15 de maio de 2011
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