segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O PRESIDENTE DISSE "SIFU"

O Presidente Lula, discursando para uma plateia numa favela do Rio de Janeiro, usou uma analogia para explicar sua postura diante da crise econômica, Lula, de improviso, disse: "Se um de vocês fossem médicos e atendesse a um paciente doente, o que vocês falariam para ele? Olha, companheiro, o senhor tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência avançou, nós vamos dar tal remédio e você vai se recuperar. Ou vocês diriam: ‘meu, sifu’?. Vocês falariam isso para um paciente de vocês? Vocês não falariam".

Esta frase deixou a elite brasileira revoltada: - Isto não é linguajar apropriado para um presidente da república; - Um presidente não deveria se manifestar desta forma; - Só podia ser o Lula mesmo; etc. E como espelho desta elite, as televisões, jornais e revistas, não deixaram por menos e asseveraram a mesma repulsa.

A própria chegada de Lula a presidência já foi um grande choque para as elites e imprensa de modo geral, afinal um operário, nordestino, pobre, sem um dedo, sem escolaridade, não é propriamente o perfil de presidente esperado. Pelo menos o perfil que eles têm na cabeça. Dessa forma, a fala de Lula só vem a se somar a este sentimento que as elites e a direita cultivam, a incompatibilidade de Lula com a presidência.

Muito já se falou da falta de estudo de Lula, de seus erros de português, de sua simplicidade quase tosca, mas esta é uma visão estereotipada do homem. Lula apesar de não ter estudado regularmente, mostra uma incrível capacidade de aprender, e de um modo todo peculiar seu, aprende de ouvido. Quem acompanha seus discursos já percebeu o grande aumento de seu vocabulário e a diminuição de erros de concordância. Lula com seu jeito simples de falar, usando metáforas, contando histórias, comparando política com futebol, alcança a todos. Todos entendem o que Lula fala, e com isso ele atinge o coração do povo. Por isso ele bate recordes de satisfação a cada pesquisa, chegando a quase 80% de aprovação.

Da mesma forma que Lula fala a língua do povo, é capaz de falar a empresários e governantes estrangeiros, com a mesma simplicidade vernacular, indo da economia brasileira às finanças internacionais. Ou seja, tem a habilidade de falar conforme o público ouvinte.

Mas isto é chover no molhado. Por isto quero voltar ao ponto mais importante disto tudo: o uso da linguagem. Não é necessário recorrer a compêndios ou dicionários para perceber que o objetivo principal do uso da linguagem é se comunicar. Esta operação pode ser feita pela fala, pela escrita e por gestos. E para a comunicação ser completa é necessário que quem receba a mensagem entenda o recado, para falar de modo bem simples. Povos são unidos por suas linguas, famílias têm seus próprios códigos, “tribos” têm sua própria linguagem, etc. Ou seja, a lingua e a linguagem são usadas para unir as pessoas e não para afastá-las.

Mas quando alguém usa de alguma forma de linguagem, que não consegue ser entendida pelos que o estão ouvindo ou lendo, para mostrar aparente erudição, na verdade mostra a cara do elitismo, está afastando as pessoas, negando a elas o entendimento da questão, quando não, um direito reconhecido. Exemplos não faltam no Judiciário, com o uso de termos em latim e grego e de palavras de significado desconhecido por serem pouco usadas no vocabulário coloquial.

Para finalizar eu vou colocar a seguir um trecho de outro discurso pronunciado pelo “analfabeto” Lula em Belo Horizonte, em 26 de setembro de 2005: "Lula não é Lula; é uma parte do povo deste País, que adquiriu consciência política. É por isso que eu não caio. Porque eu não sou sozinho. Na hora em que tirarem as minhas pernas, eu vou andar pelas pernas de vocês; na hora em que tirarem os meus braços, eu vou gesticular pelos braços de vocês; na hora em que tirarem meu coração, eu vou amar pelo coração de vocês. E na hora em que tirarem a minha cabeça, eu vou pensar pela cabeça de vocês. Eles deveriam ter aprendido com Tiradentes. Não basta matar; não basta esquartejar, não basta salgar a carne e pendurar no poste. Porque a carne você mata e ela apodrece, mas as idéias estão perambulando pelas brisas deste País, querendo liberdade, querendo direito, e isso nós temos de sobra para dar".

Um comentário:

maria disse...

Todos os líderes da história da humanidade que falaram com o coração e emoção além da razão foram os que deixaram a marca do bem, da igualdade, da evolução. Líderes que apenas falaram com a razão, deixando o coração frio, foram os que fizeram a história andar para trás, com a maldade imperando e governando sempre para os já beneficiados pelo sistema de cada época.
Lula fala com o coração e por isso faz a diferança com suas palavras, mesmo no português precário,porque fala com sentimento de quem de fato merece se beneficiar com as mudanças e a justiça.
Sou facinada por Mandela dentre tantos outros que fazem parte de um time que faz valer apena viver e sinto repugnância por Hitler, dentre tantos outros pelo qual se justificaria a desilusão pela vida. De acordo com cada realidade e conjuntura, Lula esta mais para eu me apaixonar do que para odiar.Não falta muito para eu chamá-lo de "chique", encarando os burgueses que ainda se acham chiques... muito bregas!!