O Presidente Lula, discursando para uma plateia numa favela do Rio de Janeiro, usou uma analogia para explicar sua postura diante da crise econômica, Lula, de improviso, disse: "Se um de vocês fossem médicos e atendesse a um paciente doente, o que vocês falariam para ele? Olha, companheiro, o senhor tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência avançou, nós vamos dar tal remédio e você vai se recuperar. Ou vocês diriam: ‘meu, sifu’?. Vocês falariam isso para um paciente de vocês? Vocês não falariam".
Esta frase deixou a elite brasileira revoltada: - Isto não é linguajar apropriado para um presidente da república; - Um presidente não deveria se manifestar desta forma; - Só podia ser o Lula mesmo; etc. E como espelho desta elite, as televisões, jornais e revistas, não deixaram por menos e asseveraram a mesma repulsa.
A própria chegada de Lula a presidência já foi um grande choque para as elites e imprensa de modo geral, afinal um operário, nordestino, pobre, sem um dedo, sem escolaridade, não é propriamente o perfil de presidente esperado. Pelo menos o perfil que eles têm na cabeça. Dessa forma, a fala de Lula só vem a se somar a este sentimento que as elites e a direita cultivam, a incompatibilidade de Lula com a presidência.
Muito já se falou da falta de estudo de Lula, de seus erros de português, de sua simplicidade quase tosca, mas esta é uma visão estereotipada do homem. Lula apesar de não ter estudado regularmente, mostra uma incrível capacidade de aprender, e de um modo todo peculiar seu, aprende de ouvido. Quem acompanha seus discursos já percebeu o grande aumento de seu vocabulário e a diminuição de erros de concordância. Lula com seu jeito simples de falar, usando metáforas, contando histórias, comparando política com futebol, alcança a todos. Todos entendem o que Lula fala, e com isso ele atinge o coração do povo. Por isso ele bate recordes de satisfação a cada pesquisa, chegando a quase 80% de aprovação.
Da mesma forma que Lula fala a língua do povo, é capaz de falar a empresários e governantes estrangeiros, com a mesma simplicidade vernacular, indo da economia brasileira às finanças internacionais. Ou seja, tem a habilidade de falar conforme o público ouvinte.
Mas isto é chover no molhado. Por isto quero voltar ao ponto mais importante disto tudo: o uso da linguagem. Não é necessário recorrer a compêndios ou dicionários para perceber que o objetivo principal do uso da linguagem é se comunicar. Esta operação pode ser feita pela fala, pela escrita e por gestos. E para a comunicação ser completa é necessário que quem receba a mensagem entenda o recado, para falar de modo bem simples. Povos são unidos por suas linguas, famílias têm seus próprios códigos, “tribos” têm sua própria linguagem, etc. Ou seja, a lingua e a linguagem são usadas para unir as pessoas e não para afastá-las.
Mas quando alguém usa de alguma forma de linguagem, que não consegue ser entendida pelos que o estão ouvindo ou lendo, para mostrar aparente erudição, na verdade mostra a cara do elitismo, está afastando as pessoas, negando a elas o entendimento da questão, quando não, um direito reconhecido. Exemplos não faltam no Judiciário, com o uso de termos em latim e grego e de palavras de significado desconhecido por serem pouco usadas no vocabulário coloquial.
Para finalizar eu vou colocar a seguir um trecho de outro discurso pronunciado pelo “analfabeto” Lula em Belo Horizonte, em 26 de setembro de 2005: "Lula não é Lula; é uma parte do povo deste País, que adquiriu consciência política. É por isso que eu não caio. Porque eu não sou sozinho. Na hora em que tirarem as minhas pernas, eu vou andar pelas pernas de vocês; na hora em que tirarem os meus braços, eu vou gesticular pelos braços de vocês; na hora em que tirarem meu coração, eu vou amar pelo coração de vocês. E na hora em que tirarem a minha cabeça, eu vou pensar pela cabeça de vocês. Eles deveriam ter aprendido com Tiradentes. Não basta matar; não basta esquartejar, não basta salgar a carne e pendurar no poste. Porque a carne você mata e ela apodrece, mas as idéias estão perambulando pelas brisas deste País, querendo liberdade, querendo direito, e isso nós temos de sobra para dar".
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
Católicos praticam idolatria
Leio esta reportagem no diario.com.br em 06/12/2008, “Fiéis homenageiam Nossa Senhora da Boa Viagem”. O evento ocorreu na baía sul em Florianópolis, promovido pela Paróquia do Saco dos Limões, com uma procissão marítima em homenagem a esta santa.
É costume ou tradição na religião católica a adoração de imagens de santos, como o desta reportagem. No caso de Maria, Nossa Senhora, a presumível mãe de Cristo, não faltam imagens com nomes próprios que são fervorosamente adoradas pelos fiéis, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora do Carmo, etc. São todas imagens e os fiéis adoram estas imagens.
Outro foco de adoração são as imagens relativas às ditas aparições marianas como, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Guadalupe, Nossa Senhora de Medjiugorje, etc. Ao todo são 55 os nomes dados a Nossa Senhora.
Sem entrar no mérito da veracidade das aparições em si, mas em todos esses exemplos trata-se da mesma criatura que pode ter aparecido nesses e noutros lugares. Alguns católicos já tentaram me explicar que esta adoração às imagens é só pra lembrar da divindade, como uma fotografia. Mas na realidade o que acontece é bem diferente. Se Nossa Senhora de Lourdes é a mesma que Nossa Senhora de Fátima, não haveriam devotos de uma e de outra, promessas para uma ou para outra, romarias à uma ou outra, milagres creditados a uma ou a outra. E cada uma tem sua própria data comemorativa. Este exemplo serve para as outras aparições e imagens.
Pois bem, a adoração ou culto divino de imagens ou ídolos é idolatria. Os fatos acima servem para confirmar que a religião católica pratica a idolatria de imagens. A adoração de ídolos tão condenada pelas escrituras sagradas por serem praticadas pelos pagãos, é praticada e incentivada pela cúpula da igreja.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Cena patética

Dei de olhos nesta cena e não posso deixar passar em branco.
Não tinha entendido este tal de desafio internacional das estrelas, me parecia uma brincadeira de fim de ano de alguns mauricinhos entediados, então confirmei que é brincadeira sim, só que financiada com dinheiro público.
Olhem a placa ao fundo da foto, Fundesporte e Governo do Estado. Tem mais a prefeitura de Florianópolis ainda. No total foram R$ 2.000.000,00 em patrocínio público para estes boçais brincarem de carrinho.
E ainda têm a desfaçatez de doarem a merda de 50 paus para as vítimas das enchentes, os mesmos que pagaram para eles brincarem. Dá nojo.
E agora governador? Como explicar este "investimento" na divulgação do estado?
E será que Vossa Excelência não tinha nada mais importante prá fazer do que ir lá prá receber este cheque falso?
Eu não tenho nada contra estes caras quererem se divertir, mas não com dinheiro que poderia ter outro destino mais nobre. Mais isto não passou pela cabeça de Vossa Excelência, não é?
Que cena patética, os dois mauricinhos cansados de jogar golfe e o ridículo do governador (parece o Amigo da Onça, não tem?).
sábado, 29 de novembro de 2008
Milagres não existem
“Deus não faz milagres, porque, sendo, como são, perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-las”
Alan Kardec
Não sou espirita e não comungo das idéias de Alan Kardec, mas achei que esta frase de um de seus livros, explica bem a contradição da idéia de milagre.
O milagre é um fato extraordinário, que quebra o fluxo natural dos acontecimentos e quase sempre em desobediência as leis da ciência conhecida. Nas religiões o milagre é sempre atribuído a intervenção divina. E no cristianismo é a prova da existência divina. Atribui-se a Jesus uma série de milagres como, andar sobre as águas, transformar água em vinho, multiplicar pães e peixes, curar enfermidades como a cegueira, a paraplegia e ressucitar mortos.
Até os nossos dias os milagres de cura de doenças são os que mais impressionam as pessoas de fé, funcionando como reforçadores da fé, já que são propalados como resultado da interferência de deus. Os demais milagres de Jesus já não impressionam mais ninguém e por isso não vemos na tv, pastores ou padres tentando andar sobre as águas ou multiplicando pães e peixes. Por outro lado também, e isto já faz mais de 2.000 anos, deus não ressucitou mais ninguem.
Mas a pergunta é: - Que tipo de pessoa mereceria esta consideração divina, ser agraciada com a cura de alguma enfermidade? Ou: - O que deveria fazer uma pessoa para ser ouvida por deus e receber um milagre de cura? Estas perguntas me parecem lógicas porque o número de pessoas que precisariam de um milagre de cura na história da humanidade, exorbita em milhões de vezes o número de pessoas beneficiadas por deus. Porque este privilégio para tão poucos?
Vou tentar responder a primeira. Acho que a pessoa deveria ser crente. Ou seja, que creia na existência de deus e que ele possa operar um milagre. Mas então deus não teria nenhuma compaixão ou indulgência com aqueles que acreditam em outro deus ou não acreditam em deus nenhum? Os indígenas são um dos exemplos. Os indígenas então não merecem a consideração de deus. Mas aí entra a segunda pergunta, não basta ser crente, tem que pedir. É, deus exige que para ele operar um milagre o crente deverá invocá-lo e suplicar através de preces. Porque apesar de deus ser oniciente, tudo saber, portanto deveria saber quem são os doentes, ele gosta de ser solicitado.
Neste momento dúvidas sobressaltam a minha frente: - Mas não foi deus que criou as doenças também? - E porque ele, ao invés de curar o cego, por exemplo, não elimina a própria cegueira?
Voltando aos milagres surge outra pergunta: - Quantas preces, orações, sacrificios e promessas são necessários? Deveria haver um valor estipulado, porque o que se observa são os crentes se debulhando em rezas e mais rezas e nada. Nada acontece. Porque então deus escolhe alguns, alguns até que não rezaram muito? Duas poderiam ser as possibilidades. Primeiramente deus responder quais são os seus critérios e estaria explicado porque alguns são “curados” e a grande maioria não. E a segunda, aquela que os crentes não gostariam de ouvir: - Milagres não existem e nunca existiram! Ninguém jamais foi curado por ajuda divina.
-Ah, mas existem milhares de relatos de curas espalhados pelas igrejas do mundo. Poderia me responder algum crente. Na verdade relatório com manifestação explícita do meio científico de que algum enfermo foi curado por algo não natural, intervenção divina por exemplo, não existe. O que existem são relatos de muito pouca credibilidade, feitos por pessoas comuns, sem o devido método científico necessário para verificar a veracidade da ocorrência.
Observem. Quais os tipos de doença mais “curados”? Ora, são as doenças invisíveis, aquelas que não aparecem pelo exterior do enfermo, e que portanto são de difícil comprovação. Alguem já soube da cura de um amputado? Não, e jamais verá. Porque é uma cura visivel, palpável e indubitável, mas que jamais houve ou haverá.
Alan Kardec
Não sou espirita e não comungo das idéias de Alan Kardec, mas achei que esta frase de um de seus livros, explica bem a contradição da idéia de milagre.
O milagre é um fato extraordinário, que quebra o fluxo natural dos acontecimentos e quase sempre em desobediência as leis da ciência conhecida. Nas religiões o milagre é sempre atribuído a intervenção divina. E no cristianismo é a prova da existência divina. Atribui-se a Jesus uma série de milagres como, andar sobre as águas, transformar água em vinho, multiplicar pães e peixes, curar enfermidades como a cegueira, a paraplegia e ressucitar mortos.
Até os nossos dias os milagres de cura de doenças são os que mais impressionam as pessoas de fé, funcionando como reforçadores da fé, já que são propalados como resultado da interferência de deus. Os demais milagres de Jesus já não impressionam mais ninguém e por isso não vemos na tv, pastores ou padres tentando andar sobre as águas ou multiplicando pães e peixes. Por outro lado também, e isto já faz mais de 2.000 anos, deus não ressucitou mais ninguem.
Mas a pergunta é: - Que tipo de pessoa mereceria esta consideração divina, ser agraciada com a cura de alguma enfermidade? Ou: - O que deveria fazer uma pessoa para ser ouvida por deus e receber um milagre de cura? Estas perguntas me parecem lógicas porque o número de pessoas que precisariam de um milagre de cura na história da humanidade, exorbita em milhões de vezes o número de pessoas beneficiadas por deus. Porque este privilégio para tão poucos?
Vou tentar responder a primeira. Acho que a pessoa deveria ser crente. Ou seja, que creia na existência de deus e que ele possa operar um milagre. Mas então deus não teria nenhuma compaixão ou indulgência com aqueles que acreditam em outro deus ou não acreditam em deus nenhum? Os indígenas são um dos exemplos. Os indígenas então não merecem a consideração de deus. Mas aí entra a segunda pergunta, não basta ser crente, tem que pedir. É, deus exige que para ele operar um milagre o crente deverá invocá-lo e suplicar através de preces. Porque apesar de deus ser oniciente, tudo saber, portanto deveria saber quem são os doentes, ele gosta de ser solicitado.
Neste momento dúvidas sobressaltam a minha frente: - Mas não foi deus que criou as doenças também? - E porque ele, ao invés de curar o cego, por exemplo, não elimina a própria cegueira?
Voltando aos milagres surge outra pergunta: - Quantas preces, orações, sacrificios e promessas são necessários? Deveria haver um valor estipulado, porque o que se observa são os crentes se debulhando em rezas e mais rezas e nada. Nada acontece. Porque então deus escolhe alguns, alguns até que não rezaram muito? Duas poderiam ser as possibilidades. Primeiramente deus responder quais são os seus critérios e estaria explicado porque alguns são “curados” e a grande maioria não. E a segunda, aquela que os crentes não gostariam de ouvir: - Milagres não existem e nunca existiram! Ninguém jamais foi curado por ajuda divina.
-Ah, mas existem milhares de relatos de curas espalhados pelas igrejas do mundo. Poderia me responder algum crente. Na verdade relatório com manifestação explícita do meio científico de que algum enfermo foi curado por algo não natural, intervenção divina por exemplo, não existe. O que existem são relatos de muito pouca credibilidade, feitos por pessoas comuns, sem o devido método científico necessário para verificar a veracidade da ocorrência.
Observem. Quais os tipos de doença mais “curados”? Ora, são as doenças invisíveis, aquelas que não aparecem pelo exterior do enfermo, e que portanto são de difícil comprovação. Alguem já soube da cura de um amputado? Não, e jamais verá. Porque é uma cura visivel, palpável e indubitável, mas que jamais houve ou haverá.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Santa Sé perdoou os Beatles
L´Osservatore Romano, o conhecido jornal do Vaticano, deu grande destaque à notícia, que logo repercutiu no mundo: a Santa Sé perdoou os Beatles.
Em 1966, dois anos antes do lançamento do Álbum Branco, John Lennon deu a polêmica declaração: os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo. E acrescentou que não sabia o que iria terminar primeiro, o cristianismo ou o rock.
Celebrando os 40 anos das conhecidas canções do Álbum Branco, ouvido no mundo inteiro e com toda certeza em muitos aposentos do Vaticano nessas quatro décadas, o artigo põe a famosa banda nas nuvens, enaltece John Lennon e perdoa a boutade do rapaz talentoso e pobre, nascido e criado em Liverpool, uma espécie de São Bernardo do Campo da Inglaterra.
O Vaticano demora a fazer certas coisas. Agora perdoou um artista. No pontificado de João Paulo II perdoou o cientista Galileu Galilei. Lento, mas eficiente, o Vaticano tem um poder cortejado no mundo inteiro. Os estadistas já não são broncos como Stálin, que perguntou quantas divisões tinha o papa. Todos os dias lá estão poderosos do mundo inteiro visitando a Santa Sé para obter os efeitos resplandecentes daquelas luzes, que alcançam o universo, urbi et orbi, Roma e o mundo, como no caso da bênção.
Em 1966, dois anos antes do lançamento do Álbum Branco, John Lennon deu a polêmica declaração: os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo. E acrescentou que não sabia o que iria terminar primeiro, o cristianismo ou o rock.
Celebrando os 40 anos das conhecidas canções do Álbum Branco, ouvido no mundo inteiro e com toda certeza em muitos aposentos do Vaticano nessas quatro décadas, o artigo põe a famosa banda nas nuvens, enaltece John Lennon e perdoa a boutade do rapaz talentoso e pobre, nascido e criado em Liverpool, uma espécie de São Bernardo do Campo da Inglaterra.
O Vaticano demora a fazer certas coisas. Agora perdoou um artista. No pontificado de João Paulo II perdoou o cientista Galileu Galilei. Lento, mas eficiente, o Vaticano tem um poder cortejado no mundo inteiro. Os estadistas já não são broncos como Stálin, que perguntou quantas divisões tinha o papa. Todos os dias lá estão poderosos do mundo inteiro visitando a Santa Sé para obter os efeitos resplandecentes daquelas luzes, que alcançam o universo, urbi et orbi, Roma e o mundo, como no caso da bênção.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
CIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE
“Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele?”
Douglas Adams, escritor
Alguns religiosos como o teólogo Leonardo Boff, defendem uma convergência entre religião e ciência, confundindo os conceitos de religião e de espiritualidade. Mas religião não é sinônimo de espiritualidade. Segundo o filósofo R. C. Solomon, da Universidade do Texas: “a espiritualidade não é uma crença, é antes uma ou muitas maneiras de experimentar o mundo, de viver, de interagir com outras pessoas e com o mundo. Pode envolver práticas e rituais, mas não necessariamente prece, cultos ou rituais prescritos de purificação”. Já a religião é uma questão de crença, fundamentalmente filiação. Seus deuses exigem obediência e fé de seus filiados. Não é preciso entender, basta crer.
Espiritualidade, portanto, não está em conflito com a ciência, mas a religião quando definida como crença é antagônica à ciência. A ciência se baseia em evidências, enquanto religião se baseia em fé, e fé é crer em algo que não precisa ser provado.
Sentir assombro ou encantamento pelas belezas da natureza, pode ser caracterizado como um momento de intensa espiritualidade, o que não significa que, como querem as religiões, que seja obra de alguma entidade metafísica “superior”. De modo algum cientistas e religiosos convergem neste ponto.
Por fim, a história traz bons exemplos de convergência entre ciência e religião: a Inquisição e o Index, cuja intolerância matou (literalmente) ou anulou o conhecimento científico por mais de 600 anos. Galileu, Darwin, Giordano Bruno e outros que o digam.
Douglas Adams, escritor
Alguns religiosos como o teólogo Leonardo Boff, defendem uma convergência entre religião e ciência, confundindo os conceitos de religião e de espiritualidade. Mas religião não é sinônimo de espiritualidade. Segundo o filósofo R. C. Solomon, da Universidade do Texas: “a espiritualidade não é uma crença, é antes uma ou muitas maneiras de experimentar o mundo, de viver, de interagir com outras pessoas e com o mundo. Pode envolver práticas e rituais, mas não necessariamente prece, cultos ou rituais prescritos de purificação”. Já a religião é uma questão de crença, fundamentalmente filiação. Seus deuses exigem obediência e fé de seus filiados. Não é preciso entender, basta crer.
Espiritualidade, portanto, não está em conflito com a ciência, mas a religião quando definida como crença é antagônica à ciência. A ciência se baseia em evidências, enquanto religião se baseia em fé, e fé é crer em algo que não precisa ser provado.
Sentir assombro ou encantamento pelas belezas da natureza, pode ser caracterizado como um momento de intensa espiritualidade, o que não significa que, como querem as religiões, que seja obra de alguma entidade metafísica “superior”. De modo algum cientistas e religiosos convergem neste ponto.
Por fim, a história traz bons exemplos de convergência entre ciência e religião: a Inquisição e o Index, cuja intolerância matou (literalmente) ou anulou o conhecimento científico por mais de 600 anos. Galileu, Darwin, Giordano Bruno e outros que o digam.
domingo, 23 de novembro de 2008
Glória a todas as lutas inglórias

Este post começa com estes versos da música “O almirante negro” de João Bosco e Aldir Blanc.
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Estava num bar com alguns amigos quando o assunto se voltou para um e-mail que todos na mesa haviam recebido contendo uma imagem escaneada da ficha da Ministra Dilma Rousseff, não se sabe de que orgão da repressão, com uma relação das atividades atribuídas a ela durante o período da repressão, quando um dos presentes exclamou: - Bandidaça!
Aquilo me fez pensar como as pessoas são facilmente conduzidas a pensar segundo o interesse e a vontade do grupo dominante, que nesta batalha foi o vencedor. Esquecem-se facilmente de coisas muito importantes, determinantes até, e se fixam em pormenores que alteram a interpretação histórica do momento vivido. Ou seja, assaltar um banco seria mais importante para classificar uma pessoa, que lutar pela liberdade dos brasileiros, naquele momento sujeitos a uma ditadura militar brutal e sanguinária.
Esquecem-se que estes jovens, estudantes na faixa dos 20 e poucos anos, filhos de algum pai e alguma mãe desesperados , homens e mulheres, assaltaram bancos (estes mesmos que todos criticamos pelas altas taxas, juros, lucros exorbitantes, etc) para angariar fundos em sua luta para acabar com a ditadura militar.
Esquecem-se que o ex-governador paulista Adhemar de Barros tinha em seu cofre na casa da amante a quantia, muito provavelmente oriunda da corrupção, de 2,5 milhões de dólares, que equivalem hoje a aproximadamente 25 milhões de dólares. Quantia que deixa os corruptos contemporâneos com cara de ingênuos. Mas o importante é o fato menor, ou seja, assaltaram a casa de uma mulher no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro e levaram o cofre inteiro.
Mas então, seria esta pessoa um bandido? Poderíamos compará-la a Ronald Biggs, a João Acácio Pereira da Costa, o "Bandido da Luz Vermelha, a Fernandinho Beira-Mar, a Elias Maluco, a Lucio Flávio, a Georgina de Freitas, a Law King Chong, a Hildebrando Pascoal, a José Carlos dos Reis Encina, ao Papagaio, ao Nenem da Costeira, etc.?
Onde poderíamos colocar esta pessoa? Então seria ela um terrorista como esta escrito na ficha. Mas isto depende do ponto de vista. Considerando terrorismo como qualquer ação violenta para atacar a ordem estabelecida ou um governo estabelecido, resta saber se este governo contra o qual o “terrorista” luta é legítimo ou não. Aqui entendo por legítimo um governo lá colocado pelo seu povo. Então se o “terrorista” luta para desalojar um governo ilegítimo, sob este ponto de vista não pode ser considerado como tal.
Se não vejamos:
Matias de Albuquerque era um terrorista?
Martim Soares Moreno era um terrorista?
Felipe Camarão era um terrorista?
Henrique Dias era um terrorista?
Rebelinho era um terrorista?
André Vidal de Negreiros era um terrorista?
João Fernandes Vieira era um terrorista?
Marinheiro João Cândido Felisberto era um terrorista?
Anita Garibaldi era uma terrorista?
Giuseppe Garibaldi era um terrorista?
Zumbi dos Palmares era um terrorista?
Plácido de Castro era um terrorista?
Thomas Jefferson era um terrorista?
George Washington era um terrorista?
Emiliano Zapata era um terrorista?
Pancho Villa era um terrorista?
Nesta pequena lista, incompleta certamente, temos pessoas que hoje são heróis mas que no momento histórico em que viveram eram os terroristas do momento. Usavam táticas de guerrilha, faziam ataques furtivos, roubavam mantimentos e equipamentos dos usurpadores que combatiam. Nesta lista temos brasileiros, homens e mulheres, brancos, índios e negros que lutaram contra as invasões estrangeiras, lutaram contra a escravidão, lutaram pela liberdade. E americanos, mexicanos, italianos que também lutaram pela liberdade de seus povos. Apenas alguns exemplos.
Isto é bem diferente do que se chama de terrorismo de estado, quando as forças públicas regulares, em nome do governo, praticam massivamente assassinatos e torturas, censuram os meios de comunicação, proibem manifestações públicas, eliminam as liberdades democráticas, executam prisões arbitrárias, etc., como no Brasil da ditadura militar.
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Estava num bar com alguns amigos quando o assunto se voltou para um e-mail que todos na mesa haviam recebido contendo uma imagem escaneada da ficha da Ministra Dilma Rousseff, não se sabe de que orgão da repressão, com uma relação das atividades atribuídas a ela durante o período da repressão, quando um dos presentes exclamou: - Bandidaça!
Aquilo me fez pensar como as pessoas são facilmente conduzidas a pensar segundo o interesse e a vontade do grupo dominante, que nesta batalha foi o vencedor. Esquecem-se facilmente de coisas muito importantes, determinantes até, e se fixam em pormenores que alteram a interpretação histórica do momento vivido. Ou seja, assaltar um banco seria mais importante para classificar uma pessoa, que lutar pela liberdade dos brasileiros, naquele momento sujeitos a uma ditadura militar brutal e sanguinária.
Esquecem-se que estes jovens, estudantes na faixa dos 20 e poucos anos, filhos de algum pai e alguma mãe desesperados , homens e mulheres, assaltaram bancos (estes mesmos que todos criticamos pelas altas taxas, juros, lucros exorbitantes, etc) para angariar fundos em sua luta para acabar com a ditadura militar.
Esquecem-se que o ex-governador paulista Adhemar de Barros tinha em seu cofre na casa da amante a quantia, muito provavelmente oriunda da corrupção, de 2,5 milhões de dólares, que equivalem hoje a aproximadamente 25 milhões de dólares. Quantia que deixa os corruptos contemporâneos com cara de ingênuos. Mas o importante é o fato menor, ou seja, assaltaram a casa de uma mulher no bairro de Santa Teresa no Rio de Janeiro e levaram o cofre inteiro.
Mas então, seria esta pessoa um bandido? Poderíamos compará-la a Ronald Biggs, a João Acácio Pereira da Costa, o "Bandido da Luz Vermelha, a Fernandinho Beira-Mar, a Elias Maluco, a Lucio Flávio, a Georgina de Freitas, a Law King Chong, a Hildebrando Pascoal, a José Carlos dos Reis Encina, ao Papagaio, ao Nenem da Costeira, etc.?
Onde poderíamos colocar esta pessoa? Então seria ela um terrorista como esta escrito na ficha. Mas isto depende do ponto de vista. Considerando terrorismo como qualquer ação violenta para atacar a ordem estabelecida ou um governo estabelecido, resta saber se este governo contra o qual o “terrorista” luta é legítimo ou não. Aqui entendo por legítimo um governo lá colocado pelo seu povo. Então se o “terrorista” luta para desalojar um governo ilegítimo, sob este ponto de vista não pode ser considerado como tal.
Se não vejamos:
Matias de Albuquerque era um terrorista?
Martim Soares Moreno era um terrorista?
Felipe Camarão era um terrorista?
Henrique Dias era um terrorista?
Rebelinho era um terrorista?
André Vidal de Negreiros era um terrorista?
João Fernandes Vieira era um terrorista?
Marinheiro João Cândido Felisberto era um terrorista?
Anita Garibaldi era uma terrorista?
Giuseppe Garibaldi era um terrorista?
Zumbi dos Palmares era um terrorista?
Plácido de Castro era um terrorista?
Thomas Jefferson era um terrorista?
George Washington era um terrorista?
Emiliano Zapata era um terrorista?
Pancho Villa era um terrorista?
Nesta pequena lista, incompleta certamente, temos pessoas que hoje são heróis mas que no momento histórico em que viveram eram os terroristas do momento. Usavam táticas de guerrilha, faziam ataques furtivos, roubavam mantimentos e equipamentos dos usurpadores que combatiam. Nesta lista temos brasileiros, homens e mulheres, brancos, índios e negros que lutaram contra as invasões estrangeiras, lutaram contra a escravidão, lutaram pela liberdade. E americanos, mexicanos, italianos que também lutaram pela liberdade de seus povos. Apenas alguns exemplos.
Isto é bem diferente do que se chama de terrorismo de estado, quando as forças públicas regulares, em nome do governo, praticam massivamente assassinatos e torturas, censuram os meios de comunicação, proibem manifestações públicas, eliminam as liberdades democráticas, executam prisões arbitrárias, etc., como no Brasil da ditadura militar.
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