sábado, 29 de novembro de 2008

Milagres não existem

“Deus não faz milagres, porque, sendo, como são, perfeitas as suas leis, não lhe é necessário derrogá-las”
Alan Kardec

Não sou espirita e não comungo das idéias de Alan Kardec, mas achei que esta frase de um de seus livros, explica bem a contradição da idéia de milagre.

O milagre é um fato extraordinário, que quebra o fluxo natural dos acontecimentos e quase sempre em desobediência as leis da ciência conhecida. Nas religiões o milagre é sempre atribuído a intervenção divina. E no cristianismo é a prova da existência divina. Atribui-se a Jesus uma série de milagres como, andar sobre as águas, transformar água em vinho, multiplicar pães e peixes, curar enfermidades como a cegueira, a paraplegia e ressucitar mortos.

Até os nossos dias os milagres de cura de doenças são os que mais impressionam as pessoas de fé, funcionando como reforçadores da fé, já que são propalados como resultado da interferência de deus. Os demais milagres de Jesus já não impressionam mais ninguém e por isso não vemos na tv, pastores ou padres tentando andar sobre as águas ou multiplicando pães e peixes. Por outro lado também, e isto já faz mais de 2.000 anos, deus não ressucitou mais ninguem.

Mas a pergunta é: - Que tipo de pessoa mereceria esta consideração divina, ser agraciada com a cura de alguma enfermidade? Ou: - O que deveria fazer uma pessoa para ser ouvida por deus e receber um milagre de cura? Estas perguntas me parecem lógicas porque o número de pessoas que precisariam de um milagre de cura na história da humanidade, exorbita em milhões de vezes o número de pessoas beneficiadas por deus. Porque este privilégio para tão poucos?

Vou tentar responder a primeira. Acho que a pessoa deveria ser crente. Ou seja, que creia na existência de deus e que ele possa operar um milagre. Mas então deus não teria nenhuma compaixão ou indulgência com aqueles que acreditam em outro deus ou não acreditam em deus nenhum? Os indígenas são um dos exemplos. Os indígenas então não merecem a consideração de deus. Mas aí entra a segunda pergunta, não basta ser crente, tem que pedir. É, deus exige que para ele operar um milagre o crente deverá invocá-lo e suplicar através de preces. Porque apesar de deus ser oniciente, tudo saber, portanto deveria saber quem são os doentes, ele gosta de ser solicitado.

Neste momento dúvidas sobressaltam a minha frente: - Mas não foi deus que criou as doenças também? - E porque ele, ao invés de curar o cego, por exemplo, não elimina a própria cegueira?

Voltando aos milagres surge outra pergunta: - Quantas preces, orações, sacrificios e promessas são necessários? Deveria haver um valor estipulado, porque o que se observa são os crentes se debulhando em rezas e mais rezas e nada. Nada acontece. Porque então deus escolhe alguns, alguns até que não rezaram muito? Duas poderiam ser as possibilidades. Primeiramente deus responder quais são os seus critérios e estaria explicado porque alguns são “curados” e a grande maioria não. E a segunda, aquela que os crentes não gostariam de ouvir: - Milagres não existem e nunca existiram! Ninguém jamais foi curado por ajuda divina.

-Ah, mas existem milhares de relatos de curas espalhados pelas igrejas do mundo. Poderia me responder algum crente. Na verdade relatório com manifestação explícita do meio científico de que algum enfermo foi curado por algo não natural, intervenção divina por exemplo, não existe. O que existem são relatos de muito pouca credibilidade, feitos por pessoas comuns, sem o devido método científico necessário para verificar a veracidade da ocorrência.

Observem. Quais os tipos de doença mais “curados”? Ora, são as doenças invisíveis, aquelas que não aparecem pelo exterior do enfermo, e que portanto são de difícil comprovação. Alguem já soube da cura de um amputado? Não, e jamais verá. Porque é uma cura visivel, palpável e indubitável, mas que jamais houve ou haverá.

Um comentário:

Felipe disse...

Palestra: "Os desafios da Laicidade e a secularização no mundo contemporâneo"
Com o Prof. Dr. Roberto Blancarte - El Colegio Mexiquense, AC - México, acontecerá no dia 04 de dezembro às 9:00 horas na Sala 10 - Departamento de História - CFH/UFSC.